A última lágrima
24/05/2015 21:57
Desapego é minha utopia. Haviam um universo congelado dentro de mim, e ele descongelou. Pessoas, momentos e sensações vieram à tona. Fui inundada por minhas lágrimas. De alguma forma tudo nos leva ao apego, uma cola maldita ou algo do tipo. Gruda em nossas partes mais sensíveis, e na hora de descolar dói absurdamente, da maneira mais cruel possível. De todos os meus erros e acertos, você em especial, nunca falei. Nunca quis falar sobre você, nunca me senti à vontade para falar sobre você, nunca senti vontade de parar e pensar sobre você. Não por você ser insignificantemente dispensável, mas sim pelo fato de eu não saber o que você poderia despertar em mim. Não queria falar sobre você pela simples possibilidade de ter todas minhas estruturas abaladas, pensar em você provoca abalos sísmicos dentro de mim.
Sim meu querido, isso é medo! Tenho medo de revirar esses quase 5 anos de memórias. Foi com você meu primeiro beijo, imaginei que também seria contigo o último. Era esse o plano, me diz, quem foi que fugiu do acordo, hein? Nós dois fugimos de alguma forma. Lágrimas caem, e eu repito que isso é um inferno! Preferia estar dormindo, escrevendo sobre outras pessoas, outros lugares. Porque você ainda provoca isso tudo em mim? Quando tive problemas em casa, você estava lá comigo. Quando fui para o hospital você estava lá comigo. Quando meu mundo desabou você juntou os cacos comigo, então me diz porque não estamos mais juntos? Se foi você que me fez acreditar em mim, se foi você quem me fez sorrir quando eu chorei, se foi para você que eu liguei quando cometi erros e as coisas saíram do eixo. A maioria das minhas lágrimas foram enxutas por você.
Mas lembre-se, foi você que me fez passar noites acordadas chorando. Foi você quem desligou o telefone para eu não te ligar. Foi você que desligou várias vezes na minha cara após as brigas. Com o passar do tempo, você via apenas meus defeitos. Era você quem apontava o dedo e dizia “melhore”. Eu melhorei, e não te quis mais. Foi você que desconfiou de mim quando a errada não era eu. E no final, você ainda estava certo, como de costume a errada sempre fui eu. Desisti e sai sem avisar. Não estou dizendo que a culpa foi sua, estou dizendo que hoje você quer usar o anel que antes escondia dos teus amigos. A aliança acabou, a cumplicidade se desfez, os anéis são só anéis. Eles têm nossos nomes e nenhum significado.
A marca do dedo saiu com o tempo, e as da alma estavam congeladas mas decidi aquecer as coisas. Jogar fora, arrumar espaço para outras coisas, me preencher comigo mesma. Estar só. Ei, não chore. Isso tá doendo em mim. Afinal eu acreditava naquela casa com moveis dentro, com nosso “amor” exalado pelas paredes, eu abriria mão de tudo para ter isso. No passado isso seria possível, infelizmente só ficou no plano dos pensamentos. Infelizmente ou não. Agora tenho que refazer planos para essa vida, algumas besteiras foram cometidas, não me arrependo, mas tudo foi por sentir falta de alguém; falta de você. (Respire e continue...) você disse que mudou, eu acreditei. E sim, você mudou! Mas eu também mudei. De novo não nos encaixamos mais. Crescer era algo tão desejado, mas esse crescimento afastou nossos caminhos outra vez. Agora você desacredita de mim, agora você só escuta o que te convém.
Agora sou eu quem se cala, eu que não atendo, sou eu quem pede para conversar depois. Somos peças de quebra-cabeças diferentes. Impossível de encaixar. Mesmo assim tentei me moldar mais uma vez, não funcionou. Agora mais uma vez você se vai. Dessa vez eu que te mando ir, não volte. Pelos céus, não volte! (O que penso ser as últimas lágrimas caem). Lavando essa alma, lavando meu rosto, minha moral. É como está despida no meio da multidão. Você sabe de todos meus segredos, você sabe o que meu silêncio significa, você sente quando não estou bem. Queria te ter como amigo, pelo menos. Mas sua arrogância não deixará isto acontecer. Respeito, para você a distância é melhor. Como já lhe disse, conheci o amor da minha vida cedo demais, quando eu ainda precisava viver, quando você precisava viver mais. Me resta deixar você ir, enquanto meu corpo grita que não. Sim, sou uma babaca. Um cara tão legal. Mas agora não dá, já não topo mais usar aquela aliança. Não quero mais chorar, mesmo chorando.
Vai logo! Espero te ver feliz um dia, enquanto isso você pensa que eu estou curtindo a vida loucamente. Dança, bebidas, caras, risos: minha vida não é isso. Eu não posso mais fazer você feliz, eu não posso fazer ninguém feliz. Pelo menos não enquanto eu não conseguir me fazer feliz. Estou pedindo para você viver, se realizar. Eu estarei do seu lado apoiando, mas não como sua mulher. Serei sua amiga, sua confidente. (Sorrio) você jamais vai querer isso não é mesmo? Quero te ver bem, e comigo você não vai conseguir isso. Você vai me odiar. O verdadeiro amor é aquele sem sofrimento desnecessário. Está aqui a maior prova de amor que um dia eu poderia lhe dar, por mais que você não entenda. Vai, voe passarinho. (A última lagrima vai continuar caindo).